terça-feira, 15 de junho de 2010

M.I.A. - /\/\/\Y/\ (2010)


Desde que Mathangi "Maya" Arulpragasam apareceu no mundo da música ela tem mostrado suas garras sem medo de revoltar quem quer que fosse.

No primeiro álbum, Arular (2005), M.I.A. e seu então produtor e namorado Diplo se utilizaram de samplers de funks cariocas para criar um electro oriental que ao mesmo tempo mostrava a cara de seu país Sri Lanka e recriava o cenário musical mundial. Quem não lembra das letras políticas e furiosas ao som do sampler de Injeção (Deyse Tigrona) em Bucky Done Gun?



No segundo álbum Kala (2007), ela trouxe uma sonoridade ainda mais oriental, ao regravar "Jimmy Jimmy Jimmy Aaja", música tema do filme bollywoodiano Disco Dancer. A música já era em si uma versão de "T'es OK!", música da dupla de pop francesa Ottawan. Mais próxima da disco e ao mesmo tempo do rap, M.I.A. também lançou nesse álbum a faixa "Paper Planes", que entrou para a trilha sonora de "Quem Quer Ser Um Milionário".



E então, depois de causar alvoroço dizendo que Lady GaGa faz tudo para copiá-la, lançar um clipe violento sobre racismo e fazer uma música especialmente para responder ao um suposto assédio de uma jornalista, a cingalesa está de volta com o álbum /\/\/\Y/\ (MAYA). Inspirada na internet e na cultura de massa - e obviamente criticando-as com verbos e adjetivos fortes - ela traz um som bem barulhento e ainda mais indignado. A capa propositalmente tosca, feita de colagens de printscreens e videos do youtube, já deixa a dica de que o álbum tem uma abordagem crua e ríspida.


01 - The Message

Uma introdução ensurdecedora, citando "do Google ao governo" como os alvos do álbum. Tenham medo.

02 - Steppin Up

O instrumental é um mix de sons de furadeiras, maquinaria de fábrica, explosões e batidas secas. Um som industrial que tem como tema o papel de M.I.A. na música: subindo ao palco, dominando o microfone e dizendo o que poucas pessoas têm coragem de dizer.

03 - XXXO

Esse é o primeiro single do álbum e foi lançado no dia 10 de Maio. O som vem um pouco mais voltado ao sucesso comercial, com um apelo mais electro-funk. A letra cita twitter e iPhone, e ainda assim continua lançando farpas. "Você quer que eu seja alguém que eu realmente não sou. Abraços e beijos".

04 - Teqkilla

Essa faixa lembra de longe o Arular, com uma melodia bem puxada para o som típico do Sri Lanka. A roupagem, no entanto, é mais hardcore. Mil camadas de vozes e muitos barulhos hi-tech. Para quem gosta de electro/rock industrial, é altamente dançante.

05 - Lovalot

Com uma batida inspirada em sons africanos, M.I.A. avisa aos inimigos: "eu brigo com aqueles que brigam comigo". O título da música é só um sarcasmo, acreditem.

06 - Story To Be Told

Uma das faixas mais difíceis de digerir do álbum, STBT é quase irritante, com vocais influenciados por cantos indianos e um ritmo quase inexistente.

07 - It Takes A Muscle

A produção crua do álbum encontra seu ápice nessa faixa, que parece ter sido gravada em um karaokê. Com ecos forçados e uma melodia meio caribenha, meio jamaicana, a cantora avisa que é necessário muita coragem e força para se apaixonar por ela. Nós acreditamos.

08 - It Iz What It Iz

A mais calminha do álbum, se é que se pode descrevê-la assim. Apesar de não escapar da proposta barulhenta, ela acalma um pouco os nervos pela melodia mais devagar. Mas digamos que as mais animadas são a especialidade dela.

09 - Born Free

A música foi usada para a divulgação de /\/\/\Y/\ ao ganhar um video polêmico e bem propagado pela internet e pela TV, no qual ruivos eram alvo de uma perseguição racista. Uma espécie de neo-nazismo. A música é um electro-rock tão pesado quanto o tema do clipe (veja aqui). É difícil de digerir como ele, e acaba sendo um tanto quanto viciante, uma vez que você consiga se acostumar à violência sonora.

10 - Meds and Feds

O rock fica ainda mais presente nessa faixa, onde a guitarra é tão alta que deixaria qualquer fã de Strokes surdo. Para acompanhar, uma batida abafada cria um clima ainda mais headbanger. Quase punk.

11 - Tell Me Why

Mais uma mais amena. E nessa, pela primeira vez em /\/\/\Y/\, a voz dela se destaca, mesmo estando acompanhada de vocais recortados e batidas ecoantes.

12 - Space

Essa faixa já havia sido divulgada pela própria M.I.A. há alguns meses com o nome "There's Space For Ol Dat I See (Space Oddity)" e até um vídeo próprio. Parece ter sido um teste para ver a aceitação do público, e provavelmente ela falhou. A faixa realmente não parecia um bom momento da carreira dela, mas se encaixa perfeitamente no álbum e ganha outro contexto.

O álbum é uma boa sucessão para M.I.A., com uma sonoridade mais própria e letras que expressam melhor as idéias que ela coloca tão bem através de entrevistas e mesmo do twitter. Faz todo sentido, quer as pessoas gostem ou não. Essa é a MAYA, nua e crua. Especialmente crua.

#Frikadica

2 comentários:

Edson Coelho disse...

Finalmente saiu.
Artista e mulher como a MIA faz muita falta. Muita.
Esse blog é O blog...

Vinicius disse...

uhmmm eu acho q prefiro o Kala, MAS as primeiras músicas desse são altamente viciantes...
* só a capa do cd q vamos combinar né...

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